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Diversidade nas empresas: o caminho ainda é longo, mas está a ser feito

Diversidade nas empresas: o caminho ainda é longo, mas está a ser feito

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Como o nome deixa adivinhar, no painel (R)Evolution Powered by women falou-se da importância da diversidade, e mais precisamente do papel das mulheres, para que as economias e sociedades possam tirar maior partido das oportunidades proporcionadas pelo digital.

 

A percentagem de mulheres que seguem carreiras na tecnologia é muito reduzida e o número de mulheres que chega a cargos de topo é ainda mais reduzido. Vários dados foram apontados nesse sentido no painel (R)Evolution Powered by women do Portugal Digital Summit’20, que contou com a participação de Luísa Ribeiro Lopes, presidente do .PT, Anália Torres, coordenadora do CIEG, Centro Interdisciplinar de Estudos de Género, ISCSP- UL, Ana Paula Reis, administradora da Bynd Venture Capital, e Catarina Conceição Silva, Human Resources Director da Capgemini Portugal.

 

“É verdade que é muito importante ter mulheres na tecnologia, mas os números ainda são assustadores: no que diz respeito à educação, no que diz respeito ao ensino universitário e depois na profissão”, começou por apontar Luísa Ribeiro Lopes. “A parte melhor de todas é que cada vez temos mais mulheres licenciadas, mas depois quando começamos a fazer a análise às áreas tecnológicas as percentagens baixam”.

 

O problema é transversal a todos os países da europa, mas é pior em Portugal, que ocupa a penúltima posição em termos de numero de profissionais mulheres nas áreas tecnológicas: 0,63%, se olharmos para a população ativa portuguesa. “Isto leva-nos a pensar que temos de fazer alguma coisa, porque o futuro é tecnológico. Vimos este ano que sem acesso aos meios digitais seria muito mais complicado, em termos de vivência social, cultural familiar e sobretudo da vivência profissional”, acrescentou a Presidente do .PT.

 

Tudo começa nas questões da educação e socialização, “essa ideia que há áreas mais para os meninos e áreas mais para as meninas, que depois vai sendo reproduzida”, referiu Anália Torres. “A biologia não determina a capacidade, nem a inteligência, nem as habilidades de cada um”, fez questão de sublinhar.

 

O problema está na conjugação de fatores “que começam nestas ideias muito tradicionais, que às vezes se transmitem nas práticas do dia a dia, com os estereótipos, até depois toda a criação de um sistema que está montado em redor desta tal dicotomia, que é uma falsa dicotomia”.

 

A questão é essencialmente cultural, mas muda-se, “como já mudou e ainda vai mudar mais”, acredita a coordenadora do CIEG - Centro Interdisciplinar de Estudos de Género, do ISCSP- UL, que considera já terem sido vencidas várias barreiras.

 

Para Catarina Conceição Silva, “liderar no feminino é possível, mas é preciso ser incentivado”. A Human Resources Director da Capgemini Portugal referiu que na sua empresa temas como inclusão ou como potenciar a liderança das mulheres são muito falados. “Hoje temos 30% de mulheres e 70% de homens, uma população feminina acima daquilo que é normal, mas queremos aumentar ainda mais a percentagem de mulheres”.

 

Ana Paula Reis, por sua vez, concorda que a questão cultural e educacional está na base do desprezo pela diversidade de género, mas acrescenta a desinformação como outro fator, afirmou Ana Paula Reis. “Um dos grandes contributos para o perdurar desta situação é de alguma forma uma desinformação das empresas e dos seus lideres, relacionada com o desprezar o papel da diversidade e em particular a de género, naquilo que é o sucesso das empresas.

 

Para a Administradora da Bynd Venture Capital muitas vezes a aproximação feita ao tema é o da justiça social, mas há outras questões para além desta. “O facto de as empresas não entenderem a diversidade, é um ato de má gestão e de má governança, porque existe uma serie de estudos que demonstram a importância da diversidade quer no potencial de aporte de sucesso, quer na entrega de valor das empresas”, referiu.

 

Quotas precisam-se

 

A definição de quotas como forma de promover a diversidade reuniu consenso entre todas as participantes do painel. “Sou a favor das quotas enquadradas em termos jurídicos como um incentivo a termos mais mulheres em determinados cargos”, afirmou Luísa Ribeiro Lopes. “Evitar que alguns cargos sejam sistematicamente masculinizados é uma forma de trazermos mais mulheres para determinadas profissões e depois perpetuar isso quando as coisas já correm bem”.

 

Outro aspeto importante neste aspeto para a presidente do .PT trazer as mulheres para a tecnologia, mas olhar para a tecnologia como um todo, e não colocá-las em áreas menos ‘nobres’”, alertou.

 

Anália Torres concorda que as quotas são necessárias. “Se a base de recrutamento são homens, é claro que os homens vão apontar outros homens. É por isso que as quotas são importantes. Se não houver mulheres não podem ser escolhidas”, sublinhou a coordenadora do CIEG - Centro Interdisciplinar de Estudos de Género.

 

“As políticas públicas são essenciais, assim como há uma batalha a travar do ponto de vista cultural, para ir revelando as desigualdades. Ainda há um longo caminho a percorrer”.

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