Dados disruptivos: da controvérsia ao bem comum

Lénia Mestrinho, Diretora Executiva do Data Science Knowledge Center da Nova SBE, e João Borrego, Solutions Engineering Director da Oracle Portugal, mostraram estar alinhados em duas questões essenciais sobre os dados: É necessário haver uma maior formação e consciencialização sobre a forma como são obtidos e protegidos; sem dúvida que constituem um ativo que oferece grandes oportunidades de crescimento à sociedade em geral.

 

Na sessão Tech Immersion Talks – Data Disruption do Portugal Digital Summit, este ano em edição digital que pode acompanhar aqui, Lénia Mestrinho, Diretora Executiva do Data Science Knowledge Center da Nova SBE, e João Borrego, Solutions Engineering Director da Oracle Portugal, abordaram a sempre importante questão dos dados em duas perspetivas fundamentais – não só na necessidade de haver uma maior formação e consciencialização sobre como são obtidos, analisados e salvaguardados, mas também como podem ser usados na agilização e disseminação de conhecimento para o bem comum e para a evolução da sociedade.

 

“Estamos a viver uma revolução nos dados, e algo que acontece com alguma regularidade é o seu uso indevido – num dos extremos existe aliás o roubo de identidade, com o qual temos de ter preocupação extra”, salientou João Borrego, esclarecendo, contudo, que “as entidades que regulam esta área estão mais atentas”. Esta ideia leva-nos à existência de um problema de literacia digital, sendo um dos objetivos é o de aumentar o nosso quociente digital. “Há muitos aspetos positivos mas também muitos riscos associados, e é preciso que as organizações tenham estratégias para a tomada de decisão de dados bem definidas, o que envolve também investir em recursos humanos e em infraestruturas tecnológicas”, disse Lénia Mestrinho.

 

“Temos de confiar que a identidade a quem estamos a ceder os dados tem implementadas boas práticas de segurança e confidencialidade, e que se encontram devidamente reguladas e sob o escrutínio de outras entidades que estão em conformidade”, defendeu por seu lado João Borrego. O responsável continuou dizendo que “essas entidades têm de ganhar a sua credibilidade”, referindo ainda que “já existem mecanismos para ultrapassar muitos dos nossos medos: por exemplo, a evolução tecnológica permite-nos fazer compras singulares só em determinado valor para reduzir o risco”. Torna-se por isso fundamental “não só haver educação e formação em todos os extratos e idades”, mas também “fazer campanhas de marketing para não haver o preconceito, mostrando desde logo qual é o risco para deixar a pessoas fazerem essa avaliação”, rematou João Borrego.

 

Abordando os aspetos positivos e as oportunidades que os dados trazem à sociedade em geral,
João Borrego salientou o facto de a capacidade tecnológica atualmente existente em termos
de armazenamento e de computação nos dar “uma enorme utilidade que há 10 anos não
existia, permitindo-nos por exemplo obter uma aceleração na resolução dos problemas do
mundo como é o caso desenvolvimento de novas vacinas” que está hoje na ordem do dia.
Numa outra perspetiva, Lénia Mestrinho referiu a importância preditiva que os dados nos
podem oferecer e como isso impacta positivamente a vida das pessoas. Referindo-se a um
sistema de match making entre oferta e procura de trabalho, um projeto que o Data Science
Knowledge Center da Nova SBE está a desenvolver com o IEFP e que visa ajudar a prever o
desemprego a longa duração, a responsável revelou que “este modelo permite associar um
fator de risco a cada pessoa e assim apontar previamente caminhos para seu
acompanhamento pessoal” – algo que é não só transformador, mas também útil para a
sociedade.

 

O Portugal Digital Summit decorre até 23 de outubro, num formato online, com transmissão
em streaming e no canal 420 das quatro operadoras de TV, MEO, NOS, NOWO e Vodafone.