A capacitação digital traz mais competitividade e deve ser um motor de inclusão social
Os números da exclusão digital são ainda elevados e os resultados de capacitação da população, no Índice Europeu de Digitalização (DESI) ainda são baixos, embora tenham melhorado nos últimos anos. Luisa Ribeiro Lopes, diretora do .PT e coordenadora do InCoDe2030 admitiu que as várias iniciativas em curso estão a permitir melhorar os números que nos envergonhavam enquanto sociedade, mas que há ainda muito para fazer para tornar a sociedade portuguesa mais diversa e inclusiva.
“Precisamos de ter mais capacitação digital. Estamos a fazer um bom progresso em termos de capacitação do capital humano, estamos em 14ª lugar no DESI depois de termos partido do 22º lugar, e não podemos esquecer que os outros países não estão parados”, afirmou Luisa Ribeiro Lopes durante uma intervenção no debate “Criar competitividade através da inclusão digital” no Portugal Digital Summit’22, a conferência promovida pela ACEPI que está a decorrer esta semana e da qual o SAPO TEK e o SAPO são media partners.
Para a responsável do InCoDe2030, a inclusão digital é inclusão social. “Temos a obrigação de incluir mais pessoas em termos sociais, e numa sociedade digitalizada temos de aproveitar este motor para que seja um motor de inclusão social”, defende.
A ideia foi partilhada pelos participantes do painel, que contou com Diogo Madeira da Silva, responsável de comunicação e políticas públicas da Huawei Portugal, e João Machado, presidente da Fundação Ageas, assim como Helena Martins, responsável de politicas públicas da Google.
As três entidades têm vários projetos ligados à inclusão social, capacitação digital e melhoria da diversidade, integrados no InCoDe2030, e Luisa Ribeiro Lopes lembrou que esta iniciativa governamental é “o maior projeto de políticas públicas para a inclusão digital em Portugal”. E este é um trabalho em rede. “O InCoDe2030 apoia muitos projetos, agrega muitos programas públicos e privados, do sector social, e o que estamos a fazer é alavancar estes programas e que têm vindo a trabalhar connosco para a inclusão digital”, explica a responsável pelo programa.
No caso da Google há várias iniciativas em curso, entre as quais o programa Rampa Digital onde a empresa tenta trazer para o digital empresas que até agora se mantêm offline. Helena Martins diz que com a experiência da pandemia a Google percebeu que as pequenas empresas que se digitalizaram conseguiram manter 80% das vendas, ao contrário das que não o fizeram, que tiveram dificuldade em sobreviver. “Por isso decidimos criar um programa para empresas que não têm nenhuma presença no digital, com treino e mentoria. Não basta partilhar o conteúdo, é preciso estar presente num processo de mudança de cultura”, afirma.
Helena Martins explica também que, apesar da visão global da Google, nestes projetos a empresa procura sempre atuar com parceiros locais, que têm conhecimento da realidade de cada região e podem chegar mais facilmente ao público alvo.
A preocupação com o acesso à tecnologia e a inclusão estão também na estratégia da Huawei que vê a conetividade também como um tema de coesão territorial e não apenas social. “Como país temos de ter ambição de não ter assimetrias territoriais acentuadas”, defendeu Diogo Madeira da Silva. São várias as iniciativas que a empresa desenvolve nestes dois eixos, e um deles é o programa de bolsas de estudo nas áreas de engenharia, onde também procura promover a diversidade e garantir uma percentagem de 50% de mulheres.
O trabalho da Fundação Ageas é mais abrangente em termos da inclusão social, mas a inclusão digital é um eixo cada vez mais relevante, especialmente na capacitação das entidades do sector social para digitalizarem processos internos e tornarem-se mais eficientes, mas também para usarem as ferramentas nas intervenções sociais junto dos beneficiários finais, como explicou João Machado.
O presidente da Fundação mostrou também a preocupação de reduzir as assimetrias regionais e lembrou que “muitas vezes pensamos o país a partir de Lisboa”, que é um meio privilegiado em termos de acesso. “Somos um país a duas velocidades, ou mais”, afirmou, defendendo que é preciso dar maior atenção à digitalização dos serviços e empresas mas também dos cidadãos que utilizam os serviços.
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